Intenção dos pesquisadores é de que por meio de dados seja possível desenvolver uma tecnologia capaz de identificar casos de pacientes com Covid-19 e recomendar o melhor tipo de tratamento.
O Hospital das Clínicas (HC) lançou nesta última quarta-feira (22/04), um banco de imagens com raios-x e tomografias do pulmão de pacientes que estejam com suspeita ou que tenham tido o teste positivo para coronavírus (COVID-19).
Segundo Giovanni Cerri, presidente do InovaHC, essa plataforma permite identificar padrões no acometimento dos pulmões de pacientes infectados que podem ajudar no diagnóstico.
A ideia é que o algoritmo faça a identificação da infecção a partir do reconhecimento de imagens já na triagem na unidade de saúde. A ferramenta vai classificar pacientes positivos para a covid-19 e cruzar dados de sintomas, dados clínicos, fatores de risco e as imagens da topografia e raixo-X.
“A intenção não é substituir os exames PCR, aqueles feitos com a saliva, mas, sim, aumentar a precisão do diagnóstico e trazer informações sobre o estado de saúde do paciente antes mesmo do resultado do teste ficar pronto” – explica Cerri.
A médica e professora do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP, Claudia Leite, afirma que, além das imagens, a plataforma terá dados clínicos como idade, sexo, comorbidades, teste positivo ou não para o novo coronavírus, se internado ou não, e se está em uso de ventilação mecânica. Com isso, pretende-se entender melhor a doença e ajudar o médico a identificar quais pacientes podem ter uma piora na evolução do quadro.
A ferramenta está acessível de maneira remota, por celulares ou tablets, ou conectada a aparelhos de tomografia e raio-x conectados à rede. Através dela, o médico poderá consultar um laudo, com o grau de comprometimento do pulmão e até a probabilidade de ser um caso de Covid-19. Essa última informação pode ser útil para casos que ainda não receberam o resultado do teste ou então para falsos negativos.
Por enquanto, a plataforma utiliza um algoritmo importado, mas, com ajuda de desenvolvedores e outros pesquisadores, Cerri acredita que a medicina brasileira conseguirá criar seu próprio algoritmo.
Inicialmente, banco de dados conta com imagens de 600 pacientes. Porém, o acervo é colaborativo e diversas entidades já se comprometeram a contribuir, ou podem se cadastrar na plataforma, tanto para alimentá-la com imagens quanto para usar os dados para testar algoritmos e mecanismos de inteligência artificial próprios.